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Eu, a bike e a cidade

Eu, a bike e a cidade Não me lembro bem a data, mas foi um natal, há muito tempo atrás. Ganhei minha primeira bicicleta, uma Monark infantil dobrável! Em termos de ideia, muito legal, em termos de design, nem tanto. Quando dobrada ocupava mais espaço que sem dobrar! Nessa época estava começando a aprender a pedalar, rodinhas eram necessárias. Nunca me acostumei a tirar uma rodinha e treinar meu equilíbrio assim. Parti direto para a aventura de pedalar sem as duas rodinhas. Depois de esgotar meu treinos com as duas e me sentir seguro, falei um dia - pode tirar as duas! E funcionou! Nunca cai por falta de equilíbrio, por ter medo de cair da bicicleta, minhas quedas foram por ir além do que era possível fazer sobre duas rodas.  Devido as aventuras “radicais”, minhas bicicletas sofriam. Essa dobrável quebrou o quadro de tanto que eu descia meios-fios e tentava saltar, como se fosse uma motocicleta! A medida que fui crescendo também foram as bicicletas. A segunda foi uma Caloi Fórmu

2021 ou 1984?

Diário de bordo: Rodrigo Mattos.  Não sei se George Orwell tinha noção que o mundo estaria tão perto de seu mundo distópico, descrito em “1984.” Não vivemos em um regime totalitário, mas existe uma força totalitária guiando todos a pensarem de uma só forma, capitaneada pelas redes sociais e suas influências. São algoritmos sofisticados que aprendem e personalizam a realidade de cada um. Não mais é necessário que pessoas como Winston Smith, funcionário do  Ministério  da Verdade, no livro de Orwell, que reescreve a todo instante a realidade. A máquina ocupou seu lugar e faz isso autonomamente. Até o “cancelamento” é real. No romance as pessoas são canceladas, caso não se encaixem no sistema, e literalmente apagadas de quaisquer registros possíveis, como se nunca tivessem existido, além, claro, de serem executadas.  Somos observados 24/7, por algum tipo de equipamento. Não é o Grande Irmão, figura assustadora e intimidadora, com bigodes negros e olhos que parecem te seguir, não importa o

Diário de bordo, Rodrigo Mattos: A difícil tarefa de educar

Já há algum tempo defendo um maior uso de bicicletas nas cidades, mas percebo que os encontros, palestras e eventos sobre o tema, reúnem em sua maioria aqueles que concordam com esse aumento da participação ciclística na vida urbana.  Neste caso, o esforço me parece ineficiente, porque estamos falando somente para receber palmas, para uma plateia que somente concorda com nossa visão. É preciso encontrar uma forma, uma didática para conquistar os céticos, os refratários, os que discordam.  Quando me manifesto em reuniões com as comunidades, sou rechaçado se menciono exemplos de fora, europeus ou norte-americanos, sob a alegação de que não somos a Dinamarca ou os EUA. Sim, não somos, mas isso não pode impedir-nos de buscar soluções testadas e aprovadas. Que são melhores que as nossas.  Há poucos dias ouvi de um amigo meu que é melhor copiar uma boa ideia, do que inventar uma ruim. Não me lembro quem ele estava citando, mas faz total sentido. Basta lembrar da nossa tomada de três pinos, ú

Diário de bordo, Fabiano Dias: Caminhar...

Caminhar... "[...] Roubaram a picape de Sono na frente de seu estúdio em West Oakland, São Francisco, e ela me contou que, apesar de todo mundo reagir à notícia como se fosse uma catástrofe, ela não estava lá muito chateada e não tinha a menor pressa de repor o veículo. Disse que era uma alegria descobrir que seu corpo era adequado para levá-la aonde ela tinha de ir, e era uma dádiva desenvolver uma relação mais concreta e palpável com a vizinhança e seus moradores. Falamos da noção mais solene de tempo que se tem a pé ou no transporte público, porque é preciso planejar e agendar as coisas com antecedência, e não deixá-las para a última hora, e falamos da noção de espaço que só se obtém a pé. Muitas pessoas hoje em dia vivem numa série de ambientes internos - o lar, o carro, a academia, o escritório, lojas - e divorciados uns dos outros. A pé, tudo permanece conectado, pois, andando-se, os espaços entre esses ambientes internos são ocupados da mesma maneira que eles mesmos. V

Diário de bordo, Rodrigo Mattos: Cykelkokken, jantando a beira do canal, em Copenhagen.

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Cykelkokken chef, Morten Wulff, em sua cozinha ambulante, preparando nosso jantar à beira do canal.   Ontem escrevi sobre o fato de comprar pão em uma bicicleta e conversar sobre a cidade e sua vivência e lembrei de quando estava escrevendo minha dissertação e fui a Copenhagen, para um Master Class em mobilidade urbana, em junho de 2016. Já no primeiro dia de curso, o grupo teve uma enxurrada de informações e experiências que um simples post não é capaz de descrever.  Nosso anfitrião, Mikael Colville-Andersen, CEO do Copenhagenize Design Co., depois de um dia palestras e passeios de bicicleta pela cidade, nos levou para jantar (as refeições estavam inclusas no pacote do curso). Fomos pedalando por uma das margens do canal principal de Copenhagen, onde antes ficava o porto, que com a renovação iniciada em 1996, tem suas margens ocupadas por restaurantes e atividades de lazer, proporcionando novos espaços públicos para seus cidadãos.  Eu e Mikael durante o jantar.   Jet lag, excitação, f

Diário de bordo, Rodrigo Mattos: Comprando pão na bike

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Eduardo em sua Gallo 1958, padeiro e urbanista.  Hoje quando fui deixar meus filhos na escola, parei como de costume para conversar com Sr. Dailson, porteiro da escola. Enquanto conversava, parou ao meu lado um senhor em uma bicicleta cargueira, com uma cesta de pães caseiros, Sr. Dailson falou que hoje não compraria e eu, por um momento, também disse que hoje não era um bom dia, pq estava sem dinheiro vivo, mas quando o senhor da bicicleta abriu a cesta, entrei em modo de conversa.  Comecei falando do aplicativo para celulares que permite mandar e receber fundos, mesmo que esteja sem dinheiro vivo ou cartão de crédito à mão. Que certamente aumentaria suas vendas. O papo foi evoluindo e fiquei sabendo mais sobre seu negócio, a padaria Dona Rose, que vem devidamente representada em sua logomarca e celular ( 27 99883-6497 ), estrategicamente localizados em sua cesta e no quadro da bicicleta.  Antes que a conversa ficasse muito longa e saísse de lá sem as devidas apresentações, perguntei

Diário de bordo, Rodrigo Mattos: entrevista no programa Reflexões com Almir Bressan, na TV Ambiental, que foi ao ar em 15/05/2018

Link da entrevista no YouTube, com a versão que foi ao ar na TV Ambiental. Falando sobre mobilidade urbana em Vitória e Copenhagen. Confiram! https://www.youtube.com/watch?v=k0IhaKUvn_g

Diário de bordo, Fabiano Dias: O stress dos outros não é seu stress

O stress do trânsito está indo para as bikes? Sinceramente, espero que não! Nessas duas semanas presenciei e vivi o stress dos outros. Basicamente, no mesmo local e quase no mesmo horario (sexta-feira 13?). Duas semanas atrás, um senhor estrangeiro gritou, com seu sutaque puxado (não identifiquei de onde era) com uma criança que estava parada na ciclovia e que para ele atrapalhava sua passagem. Bom, era uma criança quase um pré-adolescente. E a criança tinha culpa de estar se divertindo na ciclovia? Atrapalhava a passagem? Acho que sim, mas para que a pressa, a igonorância e a falta de sensibilidade? Se quisesse brigar com alguém, brigasse com os pais desse menino, responsáveis pelos modos do mesmo, ora bolas?! E hoje, sexta-feira 13, estava eu andando na mesma ciclovia praticando meu exercício diário com minha speed e como sempre faço, ao ultrapassar alguém, uso a companhia de minha bike como alerta. E a bichinha é escandalosa, admito, mas a instalei assim mesmo de propósito, ai

Diário de bordo, Fabiano Dias: "Quando ciclovia deixa de ser coisa de bicicleta..."

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Fonte: https://www.facebook.com/Inst.CicloBr, 2018.  Essa foto é de São Paulo, mas não muito diferente daqui, em Vitória... Constantemente venho observando o uso incorreto da ciclovia da orla de camburi por outros usuários que não sejam ciclistas: pessoas em treinamento de corrida, motoboys , vendedores de coco (com cocos na pista da ciclovia e que te ameaçam, se você reclamar!), até mães andando com carrinhos de bebês... As pessoas precisam ter ciência que essa é uma ciclovia exclusiva para bicicletas, com caixa definida e rebaixada (e com suas respectivas faixas de travessia elevadas) e não uma c iclovia compartilhada. Podem tanto incorrer em perigo para si como para ambos. Lembrando que a ciclovia da orla de Camburi não é usada somente por esportistas da bike, mas por crianças e idosos que tem na bicicleta um lazer e melhoria na qualidade de vida.  Fica a dica e a espera de uma atitude da prefeitura quanto a, pelo menos, uma campanha educativa. E fiscalização, por

Diário de bordo, Fabiano Dias: Trombada!!! (No blue monday)

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Depois de um tempo sem postar nada e na minha primeira postagem de 2018, venho falar de uma trombada! 😂 Segundo o site Catraca Livre , hoje é o dia do "Blue Monday", ou seja, o dia mais triste do ano! Através de seus estudos e pesquisas, o psicólogo Cliff Arnall concluiu que "a terceira segunda-feira de janeiro é o dia do ano em que as pessoas mais se sentem tristes"(Catraca Livre). Pois é, tristeza a parte, ou o mau agouro que isso trás, hoje, dia do Blue Monday foi meu dia de trombada! Trombei com força na ciclovia da Orla de Camburi...Explico: estava eu, voltando de meu pedal matutino, no contra-fluxo do vento, em certa velocidade com minha speed vermelha, quando ao longe (mais ou menos...) vi um senhor parando na faixa de travessia da ciclovia com sua bike, para dar passagem para um pedestre. Eu, na minha burrice achando que por só ter um pedestre atravessando a faixa, daria tempo de ultrapassar o senhor que esperava a travessia, não imaginava que o mesm